Principais Fontes de Corretivos e Fertilizantes

Fontes de Corretivos

Os produtos considerados corretivos de solos são produtos relativamente abundantes e no caso do Brasil apresentam-se com uma dispersão muito razoável com relação às áreas agricultáveis . São originários de material orgânico, de natureza sedimentar ou metamórfica. A fonte mais importante desses produtos são os depósitos com rochas calcárias (as principais), as escórias de siderurgia e outros materiais como margas, corais, sambaquis e outros subprodutos de diversas industriais (quadro 1), também considerados corretivos de acidez, porém de pouca importância econômica {Alcarde (1986a)}.

As rochas calcárias, uma vez processadas em moinhos especiais, dão origem ao calcário moído que é o corretivo mais comum, abundante e mais universalmente utilizado. Dependendo de sua composição entre carbonato de cálcio e magnésio pode ser classificado como: calcítico, dolomítico ou magnesiano. Como derivados dessas rochas calcárias podem ser relacionados : a cal virgem, a cal extinta ou hidratada e o calcário calcinado. Todas essas fontes derivadas das rochas calcárias passam por um processo de industrialização e têm como principais componentes os óxidos e carbonatos.

Outro produto que pode ser utilizado como corretivo de acidez dos solos são os silicatos de cálcio e magnésio, um dos subprodutos da siderurgia na fabricação de aço a partir do ferro gusa – a escória de siderurgia. As escórias apresentam em sua composição, além dos silicatos, fósforo e micronutrientes. Esse produto é comercializado a um preço relativamente baixo e a sua utilização é muito pequena, ficando o seu uso agrícola confinado a regiões próximas aos locais de sua produção.

Quadro 1- Composição de alguns corretivos e condicionadores de solo contendo cálcio e magnésio.

Produtos

CaO

MgO

SiO2

Fe2O3

Al2O3

MnO

S

P2O5 total

Valores em percentuais (%)

Calcário altamente calcítico

45-55

1-5

1-6

<1

1-3

<0,5

<0,5

<0,5

Calcário dolomítico

25-32

14-21

1-6

<1

1-3

<0,5

<0,5

<0,5

Escória de alto forno

35-24

14-21

1-6

2-5

10-20

1-3

0,5-1,5

0,5-1,5

Escória de forno Siemens Martin

25-35

5-15

15-25

15-30

6-12

5-10

0,5-1,5

0,5-1,0

Gesso

28-30

traços

traços

traços

Traços

traços

15-16

traços

Sulfato de magnésio

traços

16-17

traços

traços

Traços

traços

13-14

traços

Calcário calcítico (IAC)

40-45

1-5

-

-

-

-

-

-

Calcário magnesiano (IAC)

31-39

6-12

-

-

-

-

-

-

Calcário dolomítico (IAC)

25-30

13-20

-

-

-

-

-

-

Gesso UF (Ultrafertil)

29,8

0,10

5,9

0,07

0,47

-

17,2

0,65

Fonte : Guia de adubação Ultrafertil – 1978.

 

Menos importante comercialmente, mas considerado uma alternativa para a aplicação como corretivo dos solos, as margas são depósitos terrestres de carbonato de cálcio, que em razão de sua consistência pouco consolidada , precisam ser extraídos com grandes dragas. São geralmente muito pobres em magnésio e o seu poder de neutralização está na razão inversa de seu conteúdo de argila.

O gesso (sulfato de cálcio) pode ser encontrado na natureza em depósitos rochosos, mas a sua maior disponibilidade para o uso agrícola está ligada é uma decorrência da produção de fertilizantes fosfatados com maior concentração de fósforo (superfosfato triplo). Em razão de sua origem fabril, o gesso pode apresentar, além do sulfato de cálcio, seu principal constituinte, pequenas concentrações de outros elementos químicos presentes na rocha original, dentre eles o fósforo.

No processo de fabricação podem ser produzidos entre 4 e 5 toneladas de gesso para cada tonelada de P2O5 produzida {Borkert(1987)}. É um produto com resultados contrastantes, podendo algumas vezes melhorar o pH do solo, mas de forma geral não é considerado um corretivo de solo e sim condicionador de solo. Atua principalmente melhorando os teores de cálcio no solo, complexando parte do alumínio em profundidade, melhorando as condições de desenvolvimento das raízes, principalmente em solos de cerrado, onde o clima promove episódios de falta temporária de água durante a estação chuvosa (veranicos).

Fontes dos Principais Fertilizantes

Os fertilizantes são componentes, de origem orgânica ou mineral, que quando aplicados aos solos de forma concentrada e localizada, possibilitam condições favoráveis para que o desenvolvimento satisfatório das plantas para que proporcionem boas colheitas.

Os fertilizantes de origem orgânica podem ser derivados de materiais procedentes da decomposição de restos animais ou vegetais {Ultrafertil(1978a)}. O material vegetal ou animal é atacada por microrganismos e os transformam em ácidos úmicos, que irá compor a fração orgânica a ser adicionada ao solo. Esse fenômeno pode ocorrer naturalmente pela ação do tempo sobre os restos orgânicos ou pode ser conduzido pelo homem, fazendo com que o processo seja mais acelerado. Esse processo é denominado compostagem e tem o objetivo de transformar restos orgânicos de origem animal ou vegetal em fertilizantes. Nesse processo podem ser utilizados o lixo doméstico, estrume de gado, cana de aves, restos de frigoríficos, etc. Uma outra fonte geradora de grande quantidade de material orgânico rico em nutrientes são as usinas de açúcar. No processamento da cana para a produção de açúcar e de álcool são produzidas grandes quantidades de vinhaça, torta de filtro e bagaço. Quando os solos são deficientes esses produtos podem ser misturados e submetidos a um processo acelerado de compostagem e serem utilizados para o plantio da cana, aplicados no sulco de plantio.

Outra forma comum de processamento de restos orgânicos envolve a minhoca atuando como fator de transformação desses restos em matéria orgânica de alta qualidade. Os restos orgânicos, especialmente os de origem animal passam por processo de curtimento e em seguida são depositados em grandes canteiros, onde serão inoculados com minhocas.

Os fertilizantes de origem mineral são retirados da atmosfera (nitrogênio), cujo conteúdo é infinitamente elevado (80% do ar respirado é composto por nitrogênio elementar) e de depósitos rochosos (fosfatos) ou lençóis salinos (potássicos), que após submetidos a moagem podem ser utilizados em seu estado natural ou podem ser processados industrialmente. O processamento industrial torna os elementos fertilizantes mais puros e mais concentrados, de forma que pequenas quantidades podem satisfazer as necessidades das plantas cultivadas.

Esses produtos químicos utilizados como fertilizantes podem ser classificados em nitrogenados, fosfatados, potássicos ou mistos, apresentando cada um deles características físicas e químicas específicas {Ultrafertil(1978a)} e podem ser submetidos a combinações entre eles para dar origem às formulações básicas de N, P, e K {Ultrafertil(1979b)}. Esses produtos são oferecidos aos usuários em diferentes estados físicos. Eles podem ser encontrados nas formas gasosa (amônia anidra), líquida (formulações fluídas) ou sólida (formulações granuladas), com variadas concentrações, conforme a indicação de uso. Eles podem ser fornecidos às plantas isoladamente ou em misturas. Tanto as formulações fluídas quanto as formulações sólidas podem incorporar outros macronutrientes que não os tradicionais N, P, K, assim como micronutrientes que sejam necessários para a adubação da cultura a ser plantada.

Esses adubos, quando em estado sólido, podem ser fornecidos às plantas isoladamente ou em misturas {Ultrafertil(1979c)}. As misturas podem ser feitas utilizando-se grânulos dos elementos simples, através de misturas de grânulos, ou podem apresentar todos os elementos em um mesmo grânulo. Os produtos granulados utilizados nas misturas de grânulos podem ser compostos de mais de um elemento. Atualmente, as formulações são preparadas utilizando-se com maior intensidade a mistura de grânulos, os quais podem conter em seu interior um ou mais elemento químico fertilizante. A elevada qualidade da matéria-prima, composta de grânulos uniformes, tamanho aproximadamente iguais dos granulados e conteúdo químico garantido, tem permitido formulações de elevada estabilidade e qualidade. Em razão dessa evolução na tecnologia de produção dos granulados as misturas não apresentam alterações em sua uniformidade e tampouco acontece segregação entre os grânulos dos diferentes materiais, cujo aparecimento poderia comprometer a uniformidade da distribuição do adubo no solo durante a sua aplicação {Ultrafertil(1979b)}.