TECNOLOGIA AGRÍCOLA
PARA
EXPLORAÇÃO E MANEJO
CULTURAL
DA
CANA-DE-AÇÚCAR
Exploração e Manejo da Lavoura da Cana-de-Açúcar
Definição das práticas agrícolas a serem realizadas
nas áreas cultivadas com cana-de-açúcar
PARTE 4.
COLHEITA
Luiz
Carlos Miller
Araras, 25 de agosto de 2008.
4. PLANEJAMENTO E OPERACIONALIZAÇÃO DA COLHEITA DE CANA-DE-AÇUCAR.
1. Introdução:
Grande
parte da rentabilidade de uma Empresa esmagadora de cana-de-açúcar concentra-se
nas decisões tomadas durante a colheita da cana. Para ser realizada de forma
rentável é preciso que os resultados sejam avaliados considerando-se dois
aspectos: a logística da distribuição das frentes de corte que é um componente
determinante no montante dos custos para disponibilizar a cana para a Usina e a
administração do conteúdo de sacarose contido na cana, no momento da escolha de
uma área (e sua respectiva variedade) para ser colhida.
O
primeiro dos aspectos anteriormente citados é composto de ações que exercem
grande impacto sobre os custos de produção, pois está diretamente ligado ao
conjunto de atividades e operações envolvido na operacionalização da colheita. São
valores de significativa expressão e representam uma parcela significativa dos
valores despendidos com todo o processo produtivo da cana-de-açúcar.
Apesar
de serem bastante variáveis, estes valores, relacionados com o montante dos
custos despendidos com as atividades de corte, carregamento e transporte, podem
alcançar até 30% do custo total de
produção de uma tonelada de cana, sendo a sua incidência maior ou menor (IdeaNews nº. 53-março de 2005), dependendo diretamente das
distâncias dos canaviais a serem colhidos e da remuneração do cortador
praticada em cada região. Na composição dos custos da colheita, o transporte,
juntamente com o corte, mecânico ou manual, são os componentes de maior
importância na composição dos custos de colheita.
Para
analisar-se o segundo dos aspectos citados, a administração dos conteúdos de
sacarose, é preciso considerar que no momento da colheita a cana está em um
estágio de significativa redução no seu metabolismo destinado ao crescimento e
muito pouco acrescenta à sua produtividade de massa vegetal no montante a ser
colhido. Da mesma forma, sua composição de seu custo também esta finalizada, já
que todas as práticas agrícolas, permeadas por insumos, máquinas e mão-de-obra
foram aplicadas para a sua produção e os resultados (produtividade da cana)
observados neste momento da colheita podem ser, desta forma, considerados
definitivos. Apenas um fator pode fazer a diferença neste momento de decisão: a
concentração de sacarose no ato da escolha para o corte e a qualidade da matéria-prima
apresentada pela cana encaminhada para a fabrica.
2. Caracterização do Processo da Colheita: o meio físico, o produto e as
operações
2.1. Distribuição Espacial das Áreas Cultivadas com Cana em um Complexo
Agro-Industrial:
A
administração dos custos com a colheita e a administração dos conteúdos de
sacarose no momento da colheita estarão dependentes de definições a serem
consideradas tendo-se como base a distribuição das fazendas, seus setores e os
talhões (figura 1), que neste caso é
a unidade referencial para todas as atividades e ações praticadas durante a
colheita.
Tendo
em vista que a cana apresenta pouco ganho de massa vegetal durante o período de
safra, a escolha do momento para a realização da colheita de um determinado
canavial tem grande importância para a obtenção de melhores resultados, pois a
concentração de sacarose será decisiva na determinação da maior ou menor
rentabilidade de um determinado canavial (leia-se talhão) ao ser colhido. Para
conseguir-se esta otimização, é necessário executar rotinas como a de ordenar
os talhões por idade dos canaviais neles plantados e em cada uma das idades
agrupar áreas (talhões) conforme as variedades utilizadas no cultivo destes
locais, segundo as suas características de maturação de cada uma delas.
A
decisão de colheita, neste caso, irá possibilitar que sejam colhidos canaviais
em suas devidas idades e no momento em que cada variedade apresentar o melhor
conteúdo de sacarose. Este procedimento garantirá níveis de qualidade da
matéria-prima que serão fundamentais para a otimização dos ganhos. Isto porque,
como já foi observado anteriormente, no momento de efetuar o corte todas as
despesas realizadas para processar uma tonelada de cana já estarão
consolidadas.
|
Figura 1- Distribuição espacial das áreas cultivadas com cana
em um complexo agro industrial |
2.2. Interferência do Clima nas Decisões dos Momentos de Colheita:
A
concentração de sacarose é conseqüência da redução da atividade vegetativa da cana,
quando fenômenos climáticos impõem este comportamento para a planta. Os dois
principais fatores que provocam este choque na planta são a redução de umidade
no solo (redução na disponibilidade de água, seja pela ausência de chuvas ou
pela retirada da água de irrigação) e o abaixamento da temperatura do ambiente.
Quando a redução da umidade do solo ocorre concomitantemente com o abaixamento
da temperatura a planta sofre menos e a concentração de sacarose pode ser mais
acentuada, dependendo do manejo das variedades cultivadas.
Por
outro lado, quando este processo se dá apenas pela redução de umidade,
acompanhada pela presença de elevadas temperaturas, a planta continuará com os
mecanismos de crescimento em atividade enquanto houver umidade no solo. Assim,
a tendência de vegetar é mais intensa do que nas regiões frias e na tentativa
de continuar vegetando consome sacarose, reduzindo a sua concentração na cana
por ocasião da colheita (ver figura
2.4.1.1.4.a.).
O
clima seco também favorece as operações mecanizadas como carregamento, operação
de colheitadeiras, tratores de reboque e veículos de transporte. Com menos
chuvas a infra-estrutura viária se mantém conservada por um tempo maior
facilitando o transito das máquinas e dos veículos.
2.3. Comportamento da Maturação na Otimização do rendimento de Sacarose:
A
concentração de sacarose é uma característica específica de cada variedade.
Pelo fato de a safra ser normalmente subdividida em três terços,
convencionou-se denominá-las de precoces, médias e tardias. Para o caso deste
trabalho e para não se adotar nomenclaturas que possam criar conflitos, será
adotado o conceito de curvas A, B, C
(figura 2.3.a), onde estas mesmas
características serão observadas, porém conforme o comportamento de maturação
de cada grupo de variedades.
|
Figura 2.3.a – Comportamento típico da maturação
das variedades de cana utilizadas para a produção de açúcar e álcool na
região centro sul do Brasil. |
Os
canaviais geralmente são plantados, e recomenda-se que assim seja feito, com um
número relativamente grande de variedades. Neste contingente estão variedades
consagradas, onde cada uma delas pode ocupar áreas consideráveis, mas nunca uma
delas deve superar entre 10 a 20% de toda a área plantada. Variedades em
estágio de avaliação devem sempre estar presente e recomenda-se que elas ocupem
algo entre 3 a 5% da área total cultivada.
Dentre
as variedades consagradas, um número variável de cultivares pode ser encontrado
em cultivo comercial, dependendo das condições específicas encontradas em cada
unidade produtora. Normalmente, são cultivadas entre sete e dez variedades
dentre as mais importantes e produtivas. É neste conjunto de variedades que os
diferentes materiais e seus comportamentos específicos irão se enquadrar
conforme o comportamento das curvas A,
B e C (figura 2.3.b.).
Seguindo
os desígnios naturais, a colheita seria iniciada pelas variedades do tipo A, seguida e até certo ponto com
concomitância pelas variedades com comportamento do tipo B e finalizando com aquelas do tipo C.
Entretanto,
é possível interferir no comportamento das variedades para melhorar ou acelerar
a concentração de sacarose em determinadas variedades e em momentos específicos
da safra utilizando-se para isso produtos químicos com esta propriedade.
|
||||
Precocidade
na concentração de sacarose |
A |
B |
C |
|
Figura 2.3.b.- Épocas recomendadas para a colheita
das principais variedades RB, a região centro sul do Brasil. Fonte: Boletim Técnico –
CCA/UFSCar – Hoffmann, H.P et al, Araras – 2006. |
A
utilização destes produtos será realizada com maior eficácia depois que as
rotinas utilizadas para a ordenação da seqüência de corte forem elaboradas. A escolha
das variedades e idades, para a realização das aplicações de maturadores, devem
obedecer a critérios que possibilitem a maior recuperação de sacarose possível.
2.4. Seqüência Operacional – Operacionalização da Colheita
A
colheita consiste de uma seqüência de operações, cujas quantificações são fruto
de um planejamento prévio para o dimensionamento das quantidades a serem
produzidas e das necessidades de recursos para concretizarem estas produções.
Normalmente este processo, com importância vital para o sucesso de um
empreendimento agroindustrial como este, apresenta uma estruturação (figura 2.4.a.) muito similar para todas
as empresas produtoras e esmagadoras de cana para a produção de açúcar e
álcool, variando fundamentalmente nos detalhes (algumas vezes muito
importantes) relacionados com tipos de equipamentos e procedimentos de
trabalho.
Todo
o trabalho de planejamento de uma safra
deve ser iniciado pelas atividades relacionadas com a organização do trabalho e com a recuperação da sacarose, quando são estimadas as quantidades de
cana, discutida a capacidade de processamento de cana pela usina, as
necessidades de recursos humanos e materiais, além de ações destinadas a
garantir matéria-prima de qualidade para proporcionar boa rentabilidade nos processos
industriais da empresa.
|
figura 2.4.a. – Fluxograma da Seqüência Operacional do processo Planejamento e Operacionalização da Colheita |
Depois
de organizadas e dimensionadas as necessidades de recursos destinadas à realização
do trabalho e definidas as estratégias para a recuperação da sacarose deverá
ocorrer a fase de operacionalização da colheita, propriamente dita, quando
todas as estimativas planejadas são
materializadas nas atividades e operações que compõem a Operacionalização da Colheita, onde dois grandes grupos de
operações (conservação da
infra-estrutura e operações para a
colheita) efetivamente concretizam todas as atividades e operações
envolvidas com a realização da colheita da cana.
2.4.1. Planejamento – Organização do Trabalho e Recuperação de Sacarose
O
planejamento da safra deve considerar parâmetros referentes às capacidades da
industria e dentro destes limites e das diferentes fontes de fornecimento de
cana, organizar as entregas diárias de cana. Juntamente com este planejamento
de quantidades de cana é de fundamental importância a escolha das variedades de
cana, conforme o comportamento que cada uma delas apresente em cada momento da
safra. Estes dois fatores, quando bem administrados, certamente garantem o
sucesso na realização da safra e atuam para a melhoria da rentabilidade do
empreendimento.
2.4.1.1. Organização do Trabalho (Premissas para a Elaboração do
Planejamento da safra):
Organizar
o trabalho significa definir a estrutura física sobre a qual as ações irão
acontecer. Esta organização parte de definições relacionadas com as capacidades
produtivas dos equipamentos industriais e a demanda de matéria-prima para o
processamento industrial, tendo como objetivo estimar as necessidades de máquinas,
equipamentos, implementos e veículos. Depois de definir os prazos e as
quantidades (matéria-prima e equipamentos) será possível estabelecer as épocas
prováveis para a realização das atividades e determinar os prazos e as ações
necessários para a manutenção da infra-estrutura viária fundamentais para a
realização do trabalho da colheita.
2.4.1.1.1. Importância da logística na realização do transporte da cana
O
contingente de cana que alimenta o processo industrial de uma usina encontra-se
normalmente plantado em áreas localizadas em diferentes posições geográficas
com relação à unidade de processamento (figura
2.4.1.1.1.a.) e posicionadas a diferentes distâncias, cujos percursos para
o transporte da cana devem ser de tal grandeza que possibilitem assegurar a
economicidade do negócio.
Para
acomodar as necessidades de recursos e otimizar a sua utilização, especialmente
aqueles relacionados com o transporte da cana, os canaviais devem ser acomodados
por frentes de trabalho. Esta forma de organizar a distribuição das quantidades
de cana a serem colhidas permite a visualização virtual do posicionamento da
cana, como se ela se encontrasse em apenas um ponto, cuja distancia média fosse
representada pela média da distância de todo os locais plantados com cana e
destinados à colheita.
Um
critério que pode ser adotado é dividir as áreas próprias em três ou quatro
extratos de distâncias (tabela 2.4.1.1.1.A.), estabelecendo quantidades totais e diárias
de cana para serem colhidas em cada uma destas frentes.
|
Figura 2.4.1.1.1.a.-
Distribuição das fazendas a diferentes distâncias da Usina de processamento e
os respectivos raios definidos para cada frente de trabalho. |
Tabela 2.4.1.1.1.A. Exemplo
de extratos de frentes de transporte para o planejamento e realização da
colheita. |
|
Denominação das Frentes
de Transporte |
Extrato
de distâncias |
Frente 1 |
Até
10km |
Frente 2 |
10
a 25km |
Frente 3 |
Maior
que 25km |
Fornecedores |
até
30km |
A
este número de frentes, algumas vezes são adicionadas outras frentes, de um ou
mais contingentes de cana, decorrentes da presença de fornecedores autônomos,
assumidos como fonte adicional de fornecimento de cana para industrialização, cuja
área plantada com cana deve estar sempre aquém da maior distância praticada
pela Empresa processadora.
O
número de unidades de carregamento e transporte a ser atribuída a cada uma
destas frentes dependerá da quantidade de cana disponível e dos ciclos de
viagem para cada um dos locais onde será realizada a colheita. Estes tempos
consumidos para a realização de cada uma das viagens correspondem ao que se
denomina ciclo de viagem. Dentre os tempos despendidos para compor um ciclo de
viagem no transporte de cana deve-se considerar os seguintes: tempo de ida até
o local de carregamento, tempo de carregamento da unidade de transporte, tempo
transportando e tempo despendido para a descarga na indústria. Quando o corte
da cana for realizado manualmente os recursos envolvidos nestes ciclos de
viagem serão: caminhões e carregadeiras e quando o corte for mecanizado eles
serão colheitadeiras, veículos, transbordos (opcional, pois a colheitadeira
pode depositar a cana diretamente sobre a unidade de transporte) e tratores
para rebocar os transbordos ou as próprias carretas utilizadas para o
transporte da cana, que para serem conduzidas até a usina são rebocadas por
unidades com tração autônoma.
Os
custos para a realização da colheita estão diretamente relacionados com a
produtividade de cada um dos grupos de recursos envolvidos na realização da
colheita. A apropriação dos custos dá-se por tonelada colhida e dependendo da
eficiência do trabalho a relação entre a quantidade colhida e a quantidade de
recursos utilizados terá maior ou menor impacto sobre o custo de cada tonelada
produzida. Assim, quando um cortador é mais produtivo, ele fará com que o
contingente de trabalhadores seja menor. Esta redução de cortadores poderá não
interferir diretamente no valor de uma tonelada colhida, pois a sua remuneração
dá-se por esta unidade (tonelada) cortada, mas as despesas indiretas como
transporte de pessoal, administração de campo e outros valores vinculados ao
número de cortadores poderão ser reduzidos, reduzindo também as despesas para a
realização da safra como um todo. No caso de equipamentos (veículos, tratores,
carregadeiras, equipamentos e colheitadeiras) os custos serão minimizados na
razão direta de suas produtividades, especialmente os custos fixos, pois eles
são altamente dependentes das produtividades obtidas durante os períodos
disponíveis para o trabalho.
2.4.1.1.2. Informações sobre a Organização Estrutural da Empresa no
Campo:
As
informações da estrutura física da empresa, representada pela distribuição
espacial das fazendas, setores e talhões constituem a base sobre a qual são
estabelecidas as frentes de trabalho para a realização da colheita. A
abrangência destas frentes é, normalmente, alicerçada na experiência acumulada
pelos profissionais da Empresa, na proporcionalidade de variedades que atendam
os diversos momentos da safra e na disponibilidade de recursos para a
realização da colheita.
a)
Número de frentes de trabalho:
A definição de mais de um local de trabalho possibilita lidar com as
diversidades de clima, solo e variedades que compõem o universo de decisões
para o planejamento e realização da colheita. Além disto, estas frentes são
fundamentais para a otimização dos recursos, pois a sua distribuição em
diferentes distâncias permite operar em uma distância média virtual que
possibilite otimizar os equipamentos e garanta o abastecimento contínuo da
indústria. Não fora este procedimento de distribuição de frentes e se optasse
por um único local diário para a realização do trabalho, haveria sobra de equipamentos
quando as distâncias fossem curtas e falta deles quando as distâncias fossem
longas. Alem de ineficiente, o procedimento com um único local de trabalho
certamente levaria a uma estrutura super dimensionada, com pesados ônus para o
processo produtivo e para a organização. Este procedimento visa basicamente
racionalizar a utilização dos recursos necessários para a realização da
colheita
b)
Raios de abrangência de cada uma das
frentes de trabalho: Cada frente de trabalho é composta por equipes de corte
(mecânico ou manual), carregamento, transbordo e transporte. Elas são
distribuídas na base física conforme a disponibilidade de cana e distâncias em
que elas se encontram (ver figura
2.4.1.1.1.a.). Com grande freqüência e quando as condições possibilitam as
frentes mais distantes devem ser programadas para terminarem os trabalhos
algumas semanas antes das frentes mais próximas. Os desgastes dos equipamentos
e condições climáticas normalmente aumentam a exigência de uma maior
disponibilidade de equipamentos para garantir o suprimento da fábrica. No final
da safra a ocorrência de quebras é mais freqüente e a ocorrência de chuvas
aumenta a demanda de equipamentos para aproveitar os momentos com condições
para a retirada da cana do campo.
c)
Relação dos talhões contidos em cada
uma das frentes: Depois de definir os extratos de distâncias para
cada uma das frentes de trabalho (ver
figura 2.4.1.1.1.a.), elabora-se uma relação dos talhões com suas
respectivas áreas, com a finalidade de compor a área total de cada uma destas
frentes. Esta relação é importante para o cálculo dos parâmetros que irão
direcionar a distribuição de recursos. É através desta relação, que são
calculadas as quantidades de cana existentes em cada uma destas frentes e quais
as distâncias médias apuradas para cada uma delas. Para facilitar o trabalho,
esta ordenação deve ser feita segundo os níveis hierárquicos da organização
física das áreas. Assim, primeiramente elabora-se uma relação das Fazendas,
dentro delas os seus respectivos setores e dentro de cada setor os diferentes
talhões. As áreas de abrangência das frentes não devem constituir motivo para a
divisão de setores entre as frentes, a não ser que os valores de área ou de
produção de cana provoquem graves distorções na composição de cada uma das
frentes de trabalho. As áreas destes setores devem, em princípio, se manterem
íntegras. Entretanto, esta subdivisão poderia ocorrer caso alguns talhões, ao
serem incluídos em uma determinada frente, viessem a dificultar a organização
das frentes de trabalho e impusessem perdas operacionais e de qualidade ao
processo produtivo. Obviamente, este não é um conceito definitivo e a decisão
de subdividir ou não um determinado setor será sempre uma opção do planejador
ou do executor do trabalho, na medida em que tal decisão possa facilitar o seu
trabalho, sem que com isso venha impor prejuízos para a condução das atividades
e operação deste processo.
2.4.1.1.3. Informações sobre as Capacidades: Neste
item são relacionadas informações sobre as capacidades produtivas do
empreendimento, os tempos necessários para a realização dos trabalhos, a
capacidade de esmagamento da indústria, as quantidades de cana disponíveis para
serem esmagadas e as demandas de recursos para a realização da colheita.
A. Dimensionamento das Capacidades e dos
Tempos: Para se conhecer e determinar estes parâmetros é
necessário saber qual a quantidade de cana disponível para esmagamento, a
capacidade diária de processamento de cana e os dias que serão necessários para
a realização da moagem e por conseqüência da colheita.
a)
Quantidade de cana disponível para a
moagem (Qdm):
Para conhecer-se esta variável é necessário realizar estimativas que permitam
avaliar a disponibilidade total de cana para a moagem (Qdm), incluindo neste
contingente a cana produzida pelo complexo agro-industrial e pelos terceiros. A
realização de estimativas de produtividade esperada nas áreas próprias
considera a quantidade de cana que cada uma das unidades de produção (talhão)
irá produzir. Em seguida a produção de cana destes talhões é totalizada para
cada um dos setores, que agrupados nas respectivas fazendas, irão definir a quantidade total de cana produzida nas
propriedades da Empresa (Qdp).
Concomitantemente, para determinar-se a quantidade efetiva de cana disponível
para a moagem é necessário proceder-se da mesma forma com as canas de terceiros
(Qdt) (fornecedores, parceiros,
etc.).
Assim: Qdm =
Qdp +
Qdt
(em toneladas) (Quadro 2.4.1.1.3.A)
Esta
estimativa é realizada normalmente por pessoal com bastante experiência na
convivência com canaviais e, como o próprio nome diz, é uma estimativa e
portanto, sujeita a desvios. Na verdade estas pessoas (freqüentemente
administradores e fiscais) conseguem estimar valores muito aproximados àqueles
observados por ocasião da colheita. Para isto são utilizadas informações dos
anos anteriores, perspectiva da interferência do clima (maior ou menor
quantidade de chuvas do que aquelas de costume) ou alguma outra interferência
incomum que possa vir a interferir sobre o comportamento da produção. Métodos
mais sofisticados não são utilizados para esta finalidade, ainda que estejam
disponíveis na literatura. Um deles consiste em medir dez metros de linha de
cana no interior do canavial, contar o número de canas neste intervalo. A
partir do espaçamento utilizado pode-se chegar ao um número estimado para o
total de canas em um hectare. A coleta e a pesagem de um intervalo de um metro
neste mesmo local avaliado permite estimar a produtividade de cana em tonelada
por hectare (t/ha). Na verdade, ainda que possa ser um método para estimar
produtividades, é uma forma muito trabalhosa para estimar produções de cana e
desta forma, a preferência é mesmo pelo método empírico que já se tornou uma
tradição.
Quadro 2.4.1.1.3.A- Quantidade
de cana disponível para moagem, distribuída por fazendas, setores, distancias
e as respectivas variedades (perfis de posicionamento no período de safra). |
|||||
Código |
Propriedade |
Cód. Setor |
Variedade |
Tonelada |
Distancia |
11 |
Faz. Cruzeiro |
31 |
A |
8600 |
16,0 |
|
|
32 |
A |
9000 |
15,0 |
|
|
34 |
C |
13000 |
18,0 |
|
|
35 |
C |
11500 |
14,0 |
|
Sub-Total |
|
|
42100 |
|
13 |
Faz. São Bento |
24 |
B |
12000 |
18,0 |
|
|
25 |
B |
10500 |
20,0 |
|
|
26 |
B |
14000 |
24,0 |
|
Sub-Total |
|
|
36500 |
|
19 |
Faz. Piratininga |
41 |
B |
27000 |
13,0 |
|
|
42 |
C |
16000 |
14,0 |
|
|
43 |
B |
18000 |
12,0 |
|
|
44 |
A |
15000 |
13,0 |
|
Sub-Total |
|
|
76000 |
|
31 |
Faz. Monte Verde |
1 |
A |
27000 |
30,0 |
|
|
2 |
B |
13000 |
27,2 |
|
|
2 |
A |
9000 |
29,0 |
|
Sub-Total |
|
|
49000 |
|
32 |
Faz. Paraíso |
13 |
B |
16000 |
28,0 |
|
|
14 |
B |
11500 |
32,0 |
|
|
15 |
C |
18000 |
30,0 |
|
|
16 |
B |
8300 |
27,0 |
|
Sub-Total |
|
|
53800 |
|
33 |
Faz. Jaraguá |
20 |
C |
12000 |
31,0 |
|
|
21 |
B |
9200 |
30,0 |
|
|
22 |
B |
11500 |
32,7 |
|
|
23 |
C |
13800 |
25,1 |
|
|
24 |
C |
14200 |
28,0 |
|
|
25 |
B |
16700 |
29,0 |
|
Sub-Total |
|
|
77400 |
|
35 |
Faz. Fartura |
12 |
B |
12000 |
29,0 |
|
|
13 |
A |
8000 |
28,0 |
|
|
14 |
B |
14800 |
32,0 |
|
Sub-Total |
|
|
34800 |
|
37 |
Faz. Graviola |
21 |
B |
28000 |
19,0 |
|
|
20 |
C |
32000 |
22,0 |
|
Sub-Total |
|
|
60000 |
|
38 |
Faz. Pitomba |
35 |
A |
25000 |
16,0 |
|
|
36 |
B |
35000 |
17,0 |
|
Sub-Total |
|
|
60000 |
|
42 |
Faz. Francisquinha |
74 |
A |
9800 |
34,0 |
|
|
75 |
A |
8500 |
36,0 |
|
Sub-Total |
|
|
18300 |
|
51 |
Faz. Almanaque |
47 |
B |
12000 |
38,0 |
|
|
48 |
B |
11500 |
36,0 |
|
Sub-Total |
|
|
23500 |
|
63 |
Faz. Três Irmãos |
31 |
C |
13200 |
29,0 |
|
|
32 |
C |
10500 |
35,0 |
|
|
33 |
B |
9300 |
39,0 |
|
|
34 |
B |
12700 |
42,0 |
|
Sub-Total |
|
|
45700 |
|
74 |
Faz. São Sebastião |
11 |
B |
7000 |
7,1 |
|
|
12 |
C |
6000 |
8,6 |
|
|
13 |
A |
12000 |
4,8 |
|
Sub-Total |
|
|
25000 |
|
82 |
Faz. Paquetá |
14 |
A |
11000 |
4,9 |
|
|
16 |
B |
9000 |
5,2 |
|
Sub-Total |
|
|
20000 |
|
84 |
Faz. Promissão |
17 |
C |
8500 |
3,4 |
|
|
18 |
B |
8000 |
4,0 |
|
|
19 |
B |
9500 |
5,0 |
|
|
20 |
B |
11000 |
8,0 |
|
Sub-Total |
|
|
37000 |
|
TOTOTAL CANA PRÓPRIA (Qdp) E DIST.
MÉDIA |
659100 |
22,1 |
|||
TOTOTAL CANA DE TERCEIROS (Qdt) |
70900 |
-.- |
|||
Q TOTOTAL GERAL (Qdm) = (Qdp)
+ (Qdt) |
730000 |
-.- |
|||
|
|
|
|
|
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b)
Capacidade Industrial Diária de
Processamento (Cdp):
Este valor é uma característica da unidade de processamento (Usina) e está
diretamente relacionada com a capacidade de produção de açúcar e álcool da unidade
industrial. Teoricamente, caso a cana apresentasse sempre um mesmo teor de
sacarose no colmo, esta capacidade seria uma constante. Contudo, as
características de maturação das variedades podem interferir nesta
característica da fábrica, podendo fazê-la variar em razão do conteúdo de
sacarose existente na cana disponibilizada para o processamento. Assim, na
parte inicial da safra, quando os teores de sacarose estão baixos, a unidade
consegue processar mais cana, pois a sua capacidade de processar, ao ser
constante, permite que uma maior quantidade de cana seja esmagada. Por outro
lado, nos terço intermediário da safra e em algumas regiões no seu terço final,
esta capacidade de processamento pode ser reduzida, visto que nestas épocas a
riqueza em sacarose da cana esta elevada e uma quantidade menor de cana poderá
preenche a capacidade de processamento da fábrica. Independentemente destas
conjecturas, as usinas sempre apresentam uma condição ótima de moagem para que
a extração esteja sempre no seu ponto ótimo de aproveitamento da sacarose
contida na cana. Neste estudo de caso
foi considerada uma moagem diária (Cdp)
de 4.350 toneladas.
c)
Dias Necessários para a Realização da
Moagem de Cana (Dmc):
O tempo em dias ou semanas necessário para a realização da moagem é uma
característica específica de cada unidade de processamento. De forma geral
todas as unidades procuram aproveitar ao máximo o tempo disponível para a
moagem. Entretanto, fatores intrínsecos ao processo (quebras, manutenções
corretivas e preventivas, chuvas, falta de cana, etc) fazem com que o
aproveitamento seja relativo. O conhecimento da capacidade efetiva de moagem,
considerando uma eficiência de 100% é importante para a determinação do tempo
efetivo de trabalho e com isso poder dimensionar as necessidades de recursos.
Por outro lado, é muito importante considerar uma quantidade de dias perdidos
quando se estiver calculando o número de dias necessários para o processamento
da cana, pois ele será o balizador dos tempos para a formalização de contratos
com mão-de-obra e equipamentos. O cálculo do valor do número de dias
necessários para a realização da moagem é obtido através da relação entre a
quantidade disponível de cana para moagem (Qdm) e a capacidade diária de processamento (Cdp).
Qdm = 730.000 toneladas
Cdp = 4350 toneladas / dia
Dmc =
730.000
/ 4.350 = 168 dias
d)
Estimativa dos tempos aproveitados
d.1.
Na Indústria: A este número (Dmc)
deverá ser acrescentado o número de dias estimados como perdidos, normalmente estimado
a partir do aproveitamento operacional da fabrica (Aof)
e expresso em porcentagem (%). A literatura define este tempo de aproveitamento
para um intervalo entre 85 e 98%, variando obviamente em função dos fatores
expostos anteriormente.
Assim: Dmc = (Qdm / Cdp) / (Aof /100) (em dias corrigidos conforme a expectativa de
eficiência)
d.2.
No Campo: É importante frisar que a eficiência da moagem também
pode ser contaminada por eventos ocorridos no campo. As condições climáticas e
o desgaste dos equipamentos e eventualmente a adaptação dos cortadores de cana
ao serviço (eles param na entressafra e precisam ser readquirir condicionamento
físico) são os principais fatores responsáveis pela rubrica de falta de cana
nos boletins industriais. Eventualmente fenômenos sociais caracterizados por
demandas relacionadas com melhores condições de trabalho, salários, etc. podem
provocar perdas. Entretanto, elas são muito poucos presentes e acontecem
esporadicamente, não sendo conveniente a sua inclusão como eventos responsáveis
pela falta de cana na fábrica.
Dependendo das condições climáticas observadas no terço inicial da
safra, o nível de aproveitamento pode variar entre 85 e 95% do tempo total
disponível. As condições no terço médio da safra são muito favoráveis e as
perdas são praticamente nulas. Já no terço final da safra recomeçam as chuvas e
os equipamentos, da mesma forma que os cortadores, passam a mostrar sinais de
maior intensidade de desgaste, podendo com isto baixar o aproveitamento do
tempo para algo como 80 e 90% do tempo total disponível para a realização dos
trabalhos.
d.2.1.
Soluções Alternativas no Campo: As soluções não podem ser
encaradas como definitivas, tornando as perdas totalmente suprimidas. Elas
fazem parte de alternativas que visam minimizar os tempos perdidos
possibilitando melhorar o aproveitamento dos recursos disponíveis. Uma da
muitas formas de contornar esta limitação pode ser a adoção de estratégias que
visem à redução do tempo de retirada das canas das frentes mais distantes, antecipando
o final da cana destes locais em uma ou duas semanas. Para que isto seja feito
sem perdas na qualidade da cana, indica-se plantar nestes locais
prioritariamente variedades com comportamento de maturação com perfil A e B (de
comportamento precoce e intermediário de maturação). Este ajuste de quantidades
pode liberar mais recursos para colheita da cana nas frentes mais próximas no
final da safra.
2.4.1.1.4. Parâmetros para o Dimensionamento das Necessidades de
Recursos: É comum que a parte da cana que participa do
contingente total (Qdm)
de toneladas de cana a serem processadas pela Unidade seja colhido pelos
próprios produtores (Cter)
e entregue diretamente na planta de Processamento da Empresa. Estes produtores
são denominados comumente de fornecedores, mas podem também assumir rótulos de
parceiros, acionistas, etc.
Assim,
a partir da definição da quantidade de cana que deverá a ser colhida com
recursos pertencentes à empresa será possível dimensionar as efetivas
necessidades de recursos para a realização da colheita.
a)
Indicação da época do ano provável
para a realização da colheita: A época do ano indicada
para a realização da colheita é aquela onde a maturação da cana permite a
melhor recuperação de sacarose para cada tonelada de cana processada. Ela pode variar conforme a região onde está
localizada a unidade de processamento. Na Região Centro Sul (incluindo o Estado
da Bahia) e Leste a safra pode ocorrer entre os meses de abril a novembro.
Apenas na Região Nordeste o comportamento do clima faz com que a colheita
ocorra entre os meses de setembro a janeiro, período que coincide com a estação
seca daquela região (figura 2.4.1.1.4.a.).
|
Figura 2.4.1.1.4.a.- Épocas para a realização
da safra em duas regiões típicas cultivadas com cana no Brasil. |
No
caso estudado (ver exercício no item 4.)
a safra tem seu inicio previsto para os primeiros dias de maio, finalizando nos
últimos dias do mês de novembro. (Quadro 2.4.1.1.4.A).
Quadro 2.4.1.1.4.A – Época
provável para o início da safra e a distribuição do tempo de sua duração. |
|||||||
Meses |
Mai |
Jun |
Jul |
Ago |
Set |
Out |
Total |
Dias Disponíveis |
20 |
30 |
31 |
31 |
30 |
26 |
168 |
b)
Cálculo da Entrega Diária de Cana
Própria (Erp): A
estimativa da quantidade de cana para ser colhida e transportada para a Usina,
utilizando-se recursos da própria empresa, é resultado da subtração do
contingente de cana entregue por terceiros (Cter), cujos serviços são realizados pelos próprios
produtores, da quantidade total de cana disponível para moagem (Qdm). Desta forma, a
quantidade de cana a ser colhida e entregue diariamente com recursos próprios (Erp) será conseguida
conforme a relação abaixo, onde:
Erp =
Cdp - Eter
Assim,
é sempre provável, que juntamente com a quantidade total de cana a ser colhida
com recursos da Empresa (Erp),
poderão aparecer quantidades de canas produzidas por terceiros que produzem as
suas próprias canas, mas que preferem utilizar-se de recursos da Empresa para
que colherem a sua própria produção. Estes serviços são negociados com a
Empresa que cobra para realizá-los, descontando-os dos valores da remuneração
da cana adquirida. Neste estudo todas as atividades de colheita serão
realizadas com recursos da empresa (Quadro
2.4.1.1.3.4.B).
Quadro 2.4.1.1.4.B– Programação diária e
semanal da entrega da cana. |
|||||
Frentes |
Cana Disponível |
Dias de Safra |
Entrega (*) Diária |
Entrega Semanal |
Distância
Média (km) |
01 |
82.000 |
168 |
(488)
490 |
3.430 |
5,6 |
02 |
274.600 |
168 |
(1635) 1.630 |
11.410 |
16,9 |
03 |
302.500 |
168 |
(1800) 1800 |
12.600 |
31,3 |
Subtotal (Qdp) |
659.100 |
-o- |
(3923) 3.920 |
27.440 |
22,1 |
Terceiros (Cter) |
87.500 |
168 |
(422) 430 |
3.010 |
-o- |
Totais & Médias |
730.000 |
-o- |
4350 |
30.450 |
-o- |
(*) Os
valores entre parênteses para o dados referentes à entrega diária são os
valores da divisão, aproximados nos valores efetivamente considerados |
c)
Definição da quantidade de cana a ser
colhida com a infra-estrutura da Empresa: Como vimos anteriormente,
a entrega diária de cana é definição do
processo industrial. A indústria informa as áreas responsáveis das necessidades
de suprimento diário de cana (Cdp).
Como pode haver parcela desta necessidade diárias que se encontra sob a
responsabilidade de terceiros, as áreas de planejamento e de operação se
programam para dar cabo desta incumbência, cuidando apenas da cana para ser
entregue com recursos próprios (Erp).
O cálculo da quantidade de cana a ser entregue diariamente na Unidade de
Processamento deve considerar estimativa para a capacidade efetiva de moagem,
sem considerar as perdas prováveis de tempo (eficiência) durante o
processamento. Além disso, é importante considerar que esta quantidade de cana
deverá atender a Fábrica durante os sete dias da semana, o que faz com o corte
tenha um comportamento diferente do carregamento e do transporte. Enquanto os
equipamentos podem trabalhar os sete dias da semana, os cortadores trabalham
somente cinco ou seis dias. Além disso, deve-se também estabelecer a marcha de
entrega dessa cana de terceiros para que a entrega se mantenha constante e
atenda a demanda de esmagamento da Usina. Uma programação bem negociada de
colheita prevê que a entrega de cana sob responsabilidade da estrutura própria
e a entrega de cana pertencente a terceiros sigam sempre numa mesma marcha por
todo o período de safra. Os desvios na entrega desta cana de terceiros será
sempre motivo de uma estrutura própria super dimensionada para fazer frente aos
momentos de falta de matéria-prima nos momentos de ausência dos terceiros e de
aumento de custos com a frota parada nos momentos de presença destes mesmos
terceiros. Em alguns casos, onde este comportamento se acirra, com o fato de a
entrega da cana de terceiros ficar posicionada nos momentos de pico de
qualidade (concentração de sacarose na cana), as perdas se tornam ainda mais
acentuadas. Isto porque, além dos custos ampliados pela baixa utilização dos
recursos próprios para a colheita, ainda são imputadas perdas por conta da
irregularidade na recuperação de sacarose da cana própria. Este procedimento
pode resultar em redução da lucratividade, pois na medida em que o
posicionamento para moagem da cana própria fica situado nos terços inicial e
final da safra, a redução da quantidade média recuperada de sacarose para cada
tonelada de cana processada abaixa e as margens de lucro ficam reduzidas. No
caso deste estudo toda a cana própria será colhida com estrutura da Empresa, e
as canas dos terceiros serão colhidas e entregues na Usina por eles
próprios.
2.4.1.2. Recuperação de Sacarose
Observando
as três curvas da figura 2.3.a
observamos que as variedades com o perfil do tipo A apresentam maior concentração de sacarose no terço inicial da safra.
Maior inclusive que os maiores níveis apresentados pelas variedades dos tipos B e C. Isto indica que maiores ganhos em produção de sacarose poderão
ser conseguidos aplicando-se maturadores nas variedades que se apresentem com
maior precocidade na maturação, exatamente as variedades do tipo A e eventualmente B, já que em condições normais as mais tardias (C) irão naturalmente apresentar níveis
mais elevados de sacarose que as duas primeiras em sua época ideal de safra,
ainda que acrescida do efeito do maturador. Estas considerações podem indicar
caminhos que certamente possibilitarão melhores alternativas para a escolha dos
locais, onde a aplicação de maturadores poderá ser a garantia de melhores
resultados decorrentes de sua utilização.
Esta
otimização de ganhos durante a colheita pode ser mais seguramente obtida quando
ferramentas de planejamento são utilizadas como suporte destas rotinas de
decisão. Algumas destas ferramentas podem ser utilizadas mais abrangentemente
nos processos de produção de cana-de-açúcar e incluir também módulos para serem
utilizados também para o processo em discussão (Planejamento da Colheita). O
mais comum, no entanto, é a ocorrência de produtos específicos para o
Planejamento da Colheita e a sua aplicação pode influenciar de forma
determinante nas margens de ganhos na realização da colheita, com reflexos
positivos sobre todo o processo produtivo da cana-de-açúcar.
Estes
programas, elaborados para serem aplicados através de computadores, são
estruturados utilizando-se modelos matemáticos de grande complexidade. Apesar
de utilizarem estruturas complexas de cálculos e grande número de informações
estes programas são muito ágeis e a sua aplicação oferece alternativas que
servem de balizamento para as tomadas de decisão e se bem utilizadas garantem a lucratividade do empreendimento.
O
fato de serem importantes para a elaboração do processo decisório, algumas
destas ferramentas podem assumir papel decisivo na eficácia das tomadas de
decisão, pois ao permitirem maior precisão para a determinação do instante mais
adequado para o processamento da cana, possibilitará à matéria-prima apresentar
o maior conteúdo de sacarose recuperável, fazendo com que cada uma das
variedades escolhidas possa ser explorada em todo o seu potencial agronômico.
2.4.2. Conservação da infra-estrutura
A
colheita da cana é composta por atividades e operações relacionadas
especificamente com movimentações viárias. Para realizar as operações de corte
pessoas ou máquinas precisam ser transferidas para os locais onde as canas
estão disponibilizadas para o corte. Se o corte é realizado com a utilização de
mão-de-obra, pessoas precisam ser transportadas e carregadeiras devem ser
transferidas para os locais para o carregamento da cana inteira. Se o corte é realizado mecanicamente, além da
transferência das colheitadeiras será necessário transferir também outros
equipamentos que auxiliam no trabalho da colheita, como tratores de reboque e
transbordos. Finalmente, a cana precisa ser transportada e desta forma pode-se
ter uma visão da importância das estradas e carreadores para retirada da cana
dos talhões e transferi-la para as unidades esmagadoras (Usinas).
Assim,
a conservação das estradas e carreadores é de fundamental importância para
garantir a regularidade de suprimento de matéria-prima para as Usinas (fotos 2.4.2.a). Quando a manutenção é
precária os veículos sofrem desgastes excessivos e normalmente são recolhidos
para a manutenção, fazendo com o fluxo de entrega de cana se torne irregular e
insuficiente para suprir a necessidade da moagem. Ou o que pode ser pior, a
empresa precisa investir mais para disponibilizar uma quantidade maior de
veículos para que as necessidades de manutenção, ao retirarem veículos do
contingente normal, não dificultem a regularidade no transporte da cana.
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Fotos 2.4.2.a – Condições de manutenção e problemas
em estradas e carreadores |
O
crescimento da cana, especialmente em áreas ou estágios onde a produtividade é muito
elevada, pode fazer com que a mesma tombe na direção dos carreadores
dificultando o transito de veículos ou provocando amassamento das canas caídas,
em caso de se forçar a passagem por sobre elas.
Para
evitar estas perdas costuma-se levantar (fotos
2.4.1.b) estas canas empurrando-as do carreador para cima da área plantada
com cana.
|
Fotos 2.4.2.b – Aspecto de cana com alta
produtividade sendo empurrada para dentro do talhão. |
2.4.3. Operações para a Colheita da Cana
As
atividades praticadas durante o período da colheita são as mais dispendiosas e
mais importantes, pois finalizam um ciclo produtivo e possibilitam transformar
toda a massa vegetal produzida pela cana em produtos de grande valor econômico,
como o álcool, o açúcar e toda a energia utilizada na fábrica para o
processamento da própria cana-de-açúcar. Estas atividades apresentam-se com
diferentes organizações dependendo da disponibilidade de recursos para a
realização trabalho e das limitações impostas pelas condições ambientais
decorrentes da localização do complexo agro-industrial.
2.4.3.1. Corte
O
corte da cana pode ser realizado de forma manual e de forma mecânica. A decisão
por uma ou outra destas alternativas dependerá de diversos fatores relacionados
com a disponibilidade de recursos. Admitindo-se que apenas a ordem estrutural
das localidades onde se encontram os complexo agro-industriais determine as
direções a serem adotadas para a escolha do tipo de corte a ser praticado, os
seguintes aspectos devem ser considerados para a tomada de decisão:
a.
Corte Manual:
1.
Disponibilidade de mão-de-obra na região;
2.
Possibilidade de custos inferiores ao da colheita
mecânica;
3.
Topografia inadequada para a colheita mecânica;
b.
Corte Mecânico:
1.
Dificuldade para contratação de mão-de-obra;
2.
Vantagem econômica sobre o corte utilizando-se
mão-de-obra;
3.
Topografia favorável para a aplicação do equipamento;
4.
Facilidade de acesso a serviços e peças de reposição;
5.
Necessidade de colher cana sem queimar;
O corte
manual deve ser realizado em condições estritas de cana despalhada através do
fogo. A queima da cana é necessária para
facilitar o trabalho dos cortadores, protegendo-os das próprias palhas, de
animais peçonhentos e da possibilidade de, em estando no interior do canavial,
um fogo acidental torná-los vitimas de um acidente fatal (foto 2.4.3.1.a) .
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Foto 2.4.3.1.a – Formas de despalha da cana para o
corte mecânico ou manual. |
Este
é um cuidado que precisa estar presente quando o corte manual for realizado em
cana sem queimar, muito comum para ocasião do corte de semente para o plantio
da cana. A distribuição dos cortadores deve prever rotas de fuga e os cuidados
com fumantes devem ser totais.
A
produtividade dos cortadores é bastante variável de uma região para outra,
podendo ser encontrados trabalhadores que conseguem, em cana queimada, cortar
entre 8 e 10 toneladas por dia de trabalho em determinadas regiões. Em outras
regiões, os cortadores não conseguem superar 5 toneladas por jornada de
trabalho. Estes mesmos valores de produtividade caem pela metade quando o corte
deve ser realizado em cana sem queimar (cana crua).
Na
modalidade mecânica de colheita, a produtividade das colheitadeiras varia em
função da potencia e da produtividade do canavial a ser colhido. Normalmente
estas máquinas produzem entre 500 e 600 toneladas por dia (24 horas) de
trabalho (foto 2.4.3.1.b) em cana
com despalha a fogo. Determinações de órgãos ambientais impõem, que em algumas
regiões mais densamente habitadas, as canas sejam colhidas sem queimar. Neste
caso, pode existir uma redução de eficiência na produtividade diária do
equipamento, mas nada que comprometa a sua economicidade. Os equipamentos
existentes no mercado atualmente são muito eficientes para aturem também na
colheita da cana crua.
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Foto 2.4.3.1.b – Corte manual e mecânico da
cana-de-açúcar. |
2.4.3.2. Carregamento
Durante
o corte manual as canas, depois de cortadas, são depositadas pelos cortadores
sobre o solo em leiras que podem compreender 5 ou 7 linhas de cana, dependendo
da região ou da forma de contrato estabelecido com o cortador na região onde a
cana é cultivada. Normalmente o trabalho é realizado juntando-se 5 linhas de
cana em cada leira, para em seguida ser alçada para os veículos de transporte (foto 2.4.3.2.a).
Estas
leiras são depositadas nas duas entrelinhas centrais, cobrindo três linhas de cana,
de forma que a carregadora de cana possa caminhar sobre as entrelinhas sem
danificar as linhas de cana. Os rastelos estão posicionados para alçarem as
canas pelo meio, trabalhando também sobre as entrelinhas. Quando as leiras
ficam mal posicionadas, as hastes destes rastelos podem atingir as soqueiras no
momento em que o operador tenta centralizar a cana no garfo para formar o monte
a ser transferido para o caminhão.
Se
não houver um controle eficiente do pessoal de campo que acompanha os
cortadores, os danos deixados pelo carregamento podem ser muito comprometedores
para a uniformidade de população de colmos nestes canaviais. As carregadoras
caminham de frente para as leiras de cana e os caminhões seguem paralela e
lateralmente às carregadoras, nas entrelinhas que ficaram sem a cana, depois
que elas foram juntadas nestas leiras. Em condições adequadas de trabalho e em
uma topografia com relevo suavemente ondulado uma carregadora pode produzir, em
média, de 400 a 600 toneladas por
dia de trabalho (turno de 24 horas).
O
carregamento das canas, colhidas com colheitadeiras (foto 2.4.3.2.a) pode ser realizado com a deposição direta da cana
nos compartimentos de carga ou utilizar pequenas carretas para retirarem a cana
do interior dos talhões.
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Foto 2.4.3.2.A- Transferência da cana do campo para
as unidades de transporte. |
Os
veículos destinados ao transporte da cana são geralmente mais pesados e na
medida em o seu peso aumenta podem se constituir agentes de compactação para alguns
tipos de solos. O mesmo não acontece com os transbordos, que depois de
carregados, tem um peso menor, são equipados com pneus de alta flutuação e ao
transferirem as suas cargas para os veículos de transporte, evitam que eles
adentrem os talhões e provoquem danos às soqueiras.
Em
condições normais cada colheitadeira necessita pelo menos duas composições de transbordo para suprir as necessidades impostas
pela produção de cada colheitadeira, sendo que, normalmente cada uma destas
composições é formada por duas unidades transportadoras.
2.4.3.3. Transporte
A
maior parte da cana colhida na agroindústria açucareira segue os padrões de
cana inteira colhida manualmente e transportada em caminhões com carrocerias
abertas (foto 2.4.3.3.a.), podendo
as composições ser solos (raramente nos dias de hoje) ou com várias outras
carretas acopladas a uma unidade tratora, dependendo da capacidade de tração da
unidade principal à qual estão engatadas as unidades de transporte e de
autorização dos órgãos reguladores do transporte rodoviário. A capacidade de
carga de cada um dos compartimentos, assim como de cada composição, são
variáveis, dependendo do tipo de equipamento utilizado e da capacidade de
tração da unidade tratora.
Quando
a cana é colhida mecanicamente estas carrocerias devem ser fechadas para evitar
que os toletes com dimensão variando entre 25 e 35cm sejam perdidos. Este
fechamento da carrocerias é comumente executado com chapas, mas podem ser
realizados com outros materiais, às vezes mais leves, desde que evitem a perda
dos toletes de cana durante o transporte.
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Foto 2.4.3.3.a. – Composições para o transporte de
cana do campo para a Usina |
Evidentemente
existem situações que possibilitam a utilização de alternativas diferentes e
únicas para cada região onde se cultiva cana com objetivo econômico. Na
Austrália ainda se utiliza intensamente o transporte ferroviário, algo que foi
muito comum no Brasil até a década de 1950/60. No Brasil, regiões plantas como
Campos dos Goytacazes e Juazeiro na Bahia, em razão de sua topografia plana,
são utilizadas carretas sem freio e as composições podem chegar a carregar até
100 toneladas em cada viagem do campo até a Usina (foto 2.4.3.3.b.).
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foto 2.4.3.3.b.- Outras formas utilizadas para o
transporte de cana em regiões de topografia plana. |
3. Qualidade Operacional e Perdas no Campo
É durante
a realização da colheita que a cana fica mais vulnerável em sua qualidade. A
queima, o corte, o carregamento e o transporte podem causar perdas de diversas
intensidades e formas. Tais perdas podem ter relação direta com fatores
relacionados com a quantidade, quando diferentes porções de colmos são deixadas
no campo ou perdidas durante o transporte. Ou com o fator qualidade, quando os
colmos são contaminados por agentes fermentantes que penetram o seu interior e
atuam sobre a sacarose, promovendo a redução da recuperação industrial durante
o seu processamento na fábrica.
Uma
terceira via de perdas são as perdas indiretas, que poderão interferir na
produtividade das próximas colheitas, relacionadas com a ação dos equipamentos de
carregamento, através do arrancamento de soqueiras de cana ou com o amassamento
das soqueiras pelo trafego excessivo e inadequado dos veículos de transporte de
cana.
Dessa
forma, toda ação que promova eficiência e qualidade na realização das
atividades deste processo é uma garantia para o sucesso da empreitada. Dentre
as ações de maior impacto para tornar o processo da colheita mais eficiente
estão o planejamento e o acompanhamento operacional das atividades que são
executadas durante o período de safra.
A
realização sustentada deste conjunto de ações, cujas rotinas são elaboradas com
a finalidade de orientar a organização do trabalho, tem como objetivo
específico otimizar os recursos envolvidos no processo e certamente será
garantia de significativas margens nos ganhos operacionais e qualitativos
durante a concretização das atividades deste processo.
Isto
porque, ao estabelecer-se uma seqüência ajustada de quantidades para serem
colhidas e locais para a realização das operações de colheita pode-se minimizar
os desperdícios e tornar os recursos utilizados mais produtivos.
Perdas
relativas à quantidade são normalmente observadas durante o corte e o
carregamento da cana. Quando a cana é colhida
manualmente o cortador deve ser orientado e cumprir o combinado cortando a
cana rente ao solo (no pé da cana) e despontá-la na altura recomendada (foto 3.a.).
|
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Foto 3.a.- Perdas decorrentes do corte elevado e do desponte
muito baixo. (fonte Centro de Tecnologia Copersucar - CTC)
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Algumas
vezes os cortadores não cumprem o combinado e picam a cana em pedaços menores,
especialmente quando as canas apresentam alta tonelagem por hectare. Esses
pedaços menores depositados nos montes escapam da garra da carregadora ao serem
alçados para dentro das carrocerias e restam no terreno como material perdido (foto 3.b.).
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Foto 3.b.- Perdas decorrentes de repique da cana no momento de corte e de canas perdidas por
ocasião do carregamento. (fonte Centro de Tecnologia
Copersucar - CTC) |
No
caso de cana colhida mecanicamente
as perdas são semelhantes para os corte das extremidades e nas perdas de
toletes por posicionamento incorreto dos equipamentos de corte. A posição do
cortador de base da máquina é importante na definição da altura do corte e da
quantidade que será deixada no campo. Da mesma forma, o desponte também pode
ser problemático ao deixar cana no campo por despontar muito baixo ou enviar
material verde em excesso para a fabrica e interferir na qualidade da
mataria-prima. Juntamente com os toletes perdidos por deficiência operacional
estes três fatores são os mais importantes na quantificação das perdas das
canas colhidas mecanicamente (foto 3.c.).
|
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Foto 3.c.-. Canas deixadas no terreno pela colheita mecânica. |
4. PLANEJAMENTO DA COLHEITA DA CANA INDUSTRIAL
1.1.
Cana
disponível Total
: (Qdm) 730.000 toneladas
Própria: (Qdp) 659.100
toneladas
Terceiros: (Qdt) 70.900 toneladas
1.2. Capacidade
Diária de Processamento (Moagem) (Cdp):
4.350 toneladas
1.3. Moagem
Semanal : 30.450 toneladas
1.4. Dias
de Safra (efetivos) (Dmc) : 168 dias
1.5. Número
de Frentes de Corte: 4 - 3
próprias
1 terceiros (1)
(1) Os terceiros cortam e
transportam a sua própria cana durante o mesmo período estabelecido para a cana
própria. É apenas para facilitar o exercício. Normalmente os terceiros começam
depois e terminam antes, necessitando adaptações e muitas vezes excedentes de
recursos.
1.6. Entrega
da Cana
Quadro 01- Distribuição
da Entrega de Cana diária e semanal durante toda a safra, discriminando-a por
frentes de cortes e distâncias |
|||||
Frentes |
Cana
Disponível (ton) |
Dias
de Safra (n) |
Entrega
Diária (ton)
(*) |
Entrega
Semanal (ton) |
Distância
Média (km) |
01 |
82.000 |
168 |
(488) 490 |
3.430 |
5,6 |
02 |
274.600 |
168 |
(1635) 1.630 |
11.410 |
16,9 |
03 |
302.500 |
168 |
(1800) 1800 |
12.600 |
31,3 |
Subtotal |
659.100 |
- |
(3.923) 3920 |
27.440 |
22,1 |
Terceiros |
70.900 |
168 |
(422) 430 |
3.010 |
- |
Totais |
730.000 |
- |
4.350 |
30.450 |
- |
(*) Os valores entre parênteses para o dados referentes à entrega diária são
os valores da divisão, aproximados nos valores efetivamente considerados |
2.1.
Corte da Cana
2.1.1.
Corte MANUAL
da Cana
a)
Entrega diária de Cana Própria (Erp): 3.920 toneladas
b)
Semana com 5 dias úteis (jornadas de 8 horas diárias
de segunda a sexta) : 5 dias
c)
Corte Diário: (CD)=
Entrega Semanal / 5dias
(CD)=
27.440 toneladas / 5 dias
(CD)= 5.488 toneladas / dia
d)
Estimativa da Necessidade de Cana considerando-se
corte manual (valores em toneladas)
Dias da Semana |
Sobra
da Semana Anterior |
Moagem Diária (Própria) |
Corte
Diário |
Sobra Diária |
Acumulado
da Sobra |
Segunda |
1.200 |
3.920 |
5.488 |
2.750 |
2.750 |
Terça |
- |
3.920 |
5.488 |
1.550 |
4.300 |
Quarta |
- |
3.920 |
5.488 |
1.550 |
5.850 |
Quinta |
- |
3.920 |
5.488 |
1.550 |
7.400 |
Sexta |
- |
3.920 |
5.588 |
1.620 |
9.020 |
Sábado |
- |
3.920 |
|
|
5.110 |
Domingo |
- |
3.920 |
|
|
1200 |
Totais |
1.200 |
27.440 |
27.440 |
-0- |
-0- |
e)
Estimativa da Necessidade de Pessoal para o Corte
·
Quantidade de Cana Cortada por dia: 5.460 toneladas
·
Produtividade do Cortador : 7 ton / dia
·
Absenteísmo : 10%
·
Necessidade de Cortadores
5.488
toneladas / 7 ton / dia x 1,10
Número
de cortadores = (862,4) 862 pessoas
2.1.2.
Corte MECÂNICO
da Cana
a)
Entrega diária de Cana Própria: 3.920 toneladas
b)
Semana com 7 dias úteis (jornadas de 24 horas diárias de
segunda a domingo em três turnos de 8 horas)
c)
Produção diária de uma Colheitadeira : 500 toneladas
d)
Estimativa da Necessidade de Cana considerando-se
corte mecânico (valores em toneladas)
Dias da Semana |
Sobra
da Semana Anterior |
Moagem Diária (Própria) |
Corte
Diário |
Sobra Diária |
Acumulado
da Sobra |
Segunda |
- |
3.920 |
3.920 |
- |
- |
Terça |
- |
3.920 |
3.920 |
- |
- |
Quarta |
- |
3.920 |
3.920 |
- |
- |
Quinta |
- |
3.920 |
3.920 |
- |
- |
Sexta |
- |
3.920 |
3.920 |
- |
- |
Sábado |
- |
3.920 |
3.920 |
- |
- |
Domingo |
- |
3.920 |
3.920 |
- |
- |
e)
Estimativa do Número de Colheitadeiras para o Corte
·
Quantidade de Cana Cortada por dia: 3.920 toneladas
·
Produtividade da Colheitadeira : 500 ton / dia
·
Necessidade de Colheitadeiras
3.920
toneladas / 500ton / máquina
Número
de Colheitadeiras = (7,84) 8 equipamentos
Frente 1 =
1 equipamento
Frente 2=
3 equipamentos
Frente 3=
4 equipamentos
(é importante considerar
que a presença de um único equipamento em uma frente de trabalho pode
comprometer a realização do mesmo, pois um defeito neste equipamento pode
comprometer toda a programação e a realização do trabalho. Por esta razão,
quando possível o planejamento deve contemplar uma reserva técnica de
equipamento, o que pode ter acontecido com as aproximações para cima nos
valores calculados)
2.2.
Carregamento da Cana
2.2.1.
Carregamento da Cana Cortada MANUALMENTE
Estimativa
do Número de Carregadoras
·
Quantidade de Cana para ser Carregada por dia: 3.920
toneladas
·
Jornada de trabalho : Semana com 7 dias úteis
(jornadas de 24 horas diárias de segunda a domingo em três turnos de 8 horas)
·
Produtividade de uma Carregadora: 450ton / dia
·
Necessidade de Carregadoras
3.920
toneladas / 450ton / máquina
Número
de Carregadoras = (8,71) 9 equipamentos
Frente 1 = 1 equipamento
Frente
2= 4 equipamentos
Frente
3= 4 equipamentos
Necessidades adicionais –
Número de operadores = 1 operador por carregadora x 9 equipatos x 3 turnos
Número de operadores = 27 operadores
Número de auxiliares = 2 auxiliares por carregadora x 9 x 3 turnos
Número de auxiliares = 54 auxiliares
2.2.2.
Carregamento da Cana Cortada MECANICAMENTE
Estimativa
do Número de Carregadoras
·
Quantidade de Cana para ser Colhida por dia: 3.920
toneladas
·
Jornada de trabalho : Semana com 7 dias úteis
(jornadas de 24 horas diárias de segunda a domingo em três turnos de 8 horas)
·
Produtividade de uma Carregadora: 500ton / dia
·
Necessidade de Carregadoras
3.920
toneladas / 500ton / máquina
Número
de Carregadoras = 8 equipamentos
Necessidades adicionais – Número de operadores = 1 operador por
colheitadeira x 3 turnos x 8
equipamentos = 24
operadores
Embarque
: Número de Transbordos = 2 composições por colheitadeira x 8 x 2 unidades
por composição = 32 unidades de
transbordos para 16 composições
Tratores:
2 tratores com 140 a 160 Hp de potencia para rebocar as duas composições de
cada colheitadeira (2 tratores x 8 colheitadeiras) = 16 tratores
Reboque
de Julietas (opcional): 1 em cada frente =
3 tratores
Número
de Tratoristas = 3 turnos (1 operador por turno) x 19 tratores
Número de Tratoristas = 57 tratoristas
2.3.
Transporte da Cana (cortada MANUAL e MECANICAMENTE)
a)
Entrega diária de Cana Própria discriminada por frente
b)
Capacidade de Carga de cada Unidade de Transporte: 18
toneladas cada unidade.
c)
Composição com
duas Unidades: uma motorizada e outra rebocada
d)
Jornada de Trabalho: 24 horas (20 horas efetivas)
e)
Distribuição da
entregas e dos números de unidades por FRENTES
Frentes |
Entrega
Diária (t) |
Distância
Média (km) |
Tempo
de Ciclo (h) (1) |
Tonelada
por Viagem |
Número
de Viagens (2) |
Número
de Veículos |
01 |
490 |
5,6 |
2 (10) |
18 |
27 (27) |
(2,7) 3 |
02 |
1.630 |
16,9 |
3 (7) |
36 |
45 (90) |
(6,4) 7 |
03 |
1.800 |
31,3 |
4 (5) |
36 |
50 (100) |
(10,0) 10 |
T & M |
3.920 |
22,1 |
- |
- |
|
20 |
(1)
o valor entre parênteses corresponde ao número de viagens
realizadas por dia trabalhado, resultado da divisão das horas efetivamente
trabalhadas (20) pelo temp de ciclo em horas
(2)
o
valor entre parênteses corresponde número de unidades utilizadas para o transporte
da cana, e os números sem os parênteses correspondem ao número de viagem,
lembrando que na frente 1 os veículos são solos e nas frentes 2 e 3 as
composições são duplas (Romeu & Julieta)
Necessidades adicionais: O
transporte foi considerado uma atividade terceirizada e
portanto os recursos adicionais relativos a motoristas não foram
abordados.
Auxiliares de campo (para
engatar e desengatar as julietas): 2 auxiliares x número de frentes (3) x 3
turnos = 18 pessoas
Araras, 28 de maio de
2006. Atualizado em Outubro de 2008.
(1)
Engenheiro agrônomo, formado pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de
Botucatu, atualmente UNESP, campus de Botucatu, em 1973.