Efeito de Diferentes Tipos de Calcário em Algumas Propriedades Químicas do Solo

* L. C. F. Silva, ** J. Orlando Filho, * N. A. Lavorenti, ***L. A. Manoel

RESUMO

Foi estudado em solo Areia Quartzosa o efeito da aplicação de diferentes fontes e doses de calcário em algumas propriedades químicas do solo (pH, Ca, Mg e A1%). Foram observados os efeitos da aplicação em área total de quatro fontes de calcário nas doses de 0, 2, 4 e 6 t/ha. Estudou-se também o efeito da aplicação de calcário calcinado no sulco de plantio da cana-de-açúcar nas doses de 0, 400, 800 e 1200 kg/ha. As fontes e doses de calcário proporcionaram efeitos diferenciados nas propriedades químicas do solo estudadas. Verificou-se a maior reatividade dos calcários calcinados bem como seus efeitos mais pronunciados nas camadas mais profundas do solo. Os calcários dolomíticos comum e com dupla moagem apresentaram comportamento semelhante.

INTRODUÇÃO

As correções de propriedades químicas do solo, como acidez, alumínio tóxico, cálcio, magnésio, dentre outras, apresentam-se como fatores de substancial importância na elevação da produtividade das culturas (LOPES, 1983). Para promover-se tais correções, existem no mercado materiais corretivos com características químicas e granulométricas bastante variáveis. São considerados corretivos os produtos que apresentem na sua composição carbonatos, óxidos, hidróxidos ou silicatos de cálcio e/ou magnésio.

Temos como corretivos mais comuns para utilização os seguintes materiais:

- Calcário (carbonato de cálcio e/ou magnésio): material natural de uso mais comun.

- Oxido de cálcio e de magnésio: material obtido pela calcinação total do calcário, sendo também conhecido como cal virgem.

- Hidróxido de cálcio e de magnésio: material obtido pela hidratação da cal Virgem.

- Calcário calcinado: material obtido pela calcinação parcial do calcário.

A eficiência dos materiais corretivos é medida através do Poder de Neutralização e do seu efeito residual. A reação de neutralização promovida pelos óxidos e hidróxidos é muito mais rápida e enérgica que a dos carbonatos e silicatos. Outro fator diz respeito a granulametria dos corretivos: quando maior a área de contato, portanto quando mais fino o corretivo, mais rápida é sua ação (ALCARDE, 1985).

Normalmente produtos de maior reatividade, quer pelo Poder de Neutralização ou pela granulometria, são de custo mais elevados. O efeito residual de um corretivo é o tempo de duração da calagem efetuada. É, portanto, um fator de grande importância na economicidade da calagem (SANCHES& SALINAS, 1983; MIELNICZUK, 1983; VAN RAIJ & QUAGGJO, 1984).

Segundo TISDALE & NELSON (1985) e BARROS et alii (1985) a reatividade e o efeito residual são características antagônicas, ou seja, quanto maior a reatividade, menor o efeito residual e vice-versa. Assim, os calcários calcinados, de alto PRNT (poder relativo de neutralização total) apresentaram alto poder de neutralização e baixo efeito residual, enquanto nos calcários com menor PRNTs, ocorre o inverso. O objetivo deste estudo foi avaliar ao longo de um período de 33 meses os efeitos de quatro materiais corretivos em algumas propriedades químicas do solo.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram instalados dois ensaios de campo na Usina São Manoel - São Manoel - SP, em solo Areia Quartzosa, nos quais estudaram-se os efeitos da aplicação de calcários no pH, Ca, Mg e Al% do solo. (Al%={Al/(Ca+Mg+K+Al)} x 100). Em um deles estudou-se o efeito da aplicação em área total de quatro fontes de calcários (dolomítico comum, dolomítico com dupla moagem, calcinado1 e calcinado2) em quatro diferentes doses (0, 2, 4 e 6 t/ha). No outro experimento analisou-se o resultado da aplicação no fundo do sulco de plantio da cana-de-açúcar, do calcário calcinado1, nas doses de 0. 400, 800 e 1200 kg/ha. A Tabela 1 apresenta a principais características dos calcários estudados. A aplicação em área total dos corretivos ocorreu em dezembro de 1985. enquanto que a aplicação no sulco foi efetuada em março de 1986.

Tabela 1- Composição química e PRNT corretivos estudados.

Produtos	CaO	MgO	PRNT
Calcário dolomítico comum	23,1	16,2	58,8
Calcário beneficiado	29.5	18,9	96,1
Calcário calcinado 1	46.3	11.4	110.1
Calcário calcinado 2	41,8	28,3	135,0

No local, após a aplicação dos tratamentos, foi cultivado cana-de-açúcar, sendo que os resultados de produtividade obtidos e demais detalhes encontram-se em ORLANDO FILHO et alii (1988). No estudo com o emprego dos corretivos em área total, com os tratamentos aplicados em blocos ao acaso com 5 repetições, em parcelas de 9,8 x 10m os solos foram amostrados em duas profundidades (0-25 e 25-50cm), 4 meses após a aplicação dos corretivos e em três profundidades (0-25, 25-50 e 50-75cm), 33 meses após aplicação.

No experimento com calcário no sulco de plantio (parcelas inteiramente casualizadas com 4 repetições) os solos foram amostrados apenas 30 meses após a aplicação do calcário com amostragens na linha (0-25, 25-50 e 50-75cm de profundidade) e entrelinha da cana (0-25 e 25-50cm de profundidade). Em ambos os experimentos para cada parcela e para cada profundidade a amostra composta foi obtida a partir de duas amostras simples do solo. Nas amostras de solo foram determinados o pH cm H₂O, cálcio, magnésio e saturação em alumínio (Al%= {Al/( Al + Ca + Mg + K)}/100) de acordo com VETTORI (1969).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Calcário em área total

A tabelas 2 e 3 apresentam os resultados das análises químicas do solo (pH, Ca, Mg e Al%) nas duas épocas de amostragem, para os diferentes tratamentos (fontes e doses) nas propriedades estudadas. As regressões representativas do efeito das doses dos diferentes calcários nas propriedades do solo estudadas, encontram-se nas Tabelas 4 (para os 4 meses) e 5 (para os 33 meses).

Nas figuras de 1 a 5, temos a representação gráfica do efeito dos tratamentos no pH do solo para as profundidades estudadas. De um modo geral observa-se que todos os calcários estudados apresentaram resultados efetivos e mais intensos de acordo com a elevação de dose aplicada na elevação do pH, Ca, Mg e decréscimo da saturação em alumínio (Al%).

Verifica-se que decorridos 4 meses após a aplicação dos corretivos, os calcários calcinados apresentaram efeitos mais marcantes na propriedades do solo estudadas na profundidade de 0-25cm, o que era de se esperar, de acordo com TISDALE & NELSON (1975), ALCARDE (1985) e BARROS (1985). Na profundidade de 25-50cm, os calcários calcinados foram mais efetivos na diminuição da saturação em alumínio e elevação dos teores de Ca e Mg, enquanto que o pH não apresentou grandes alterações.

Após o período de 33 meses de aplicação, os calcário calcinados mostraram maior efetividade na elevação do pH na profundidade de 25-50cm. Para a saturação em alumínio os calcários calcinados suplantaram os dolomíticos nas 3 profundidades. Esse efeito residual estaria, até certo ponto, em desacordo com TISDALE e NELSON (1985) e BARROS (1985).

Para o Mg, o calcinado2 proporcionou ao solo maiores teores do nutriente, principalmente nas camadas de subsuperfície, o que indica uma descida do mesmo das camadas superficiais. Tal fato era esperado em virtude do maior conteúdo em magnésio deste corretivo em relação aos demais. Nas duas primeiras profundidades estudadas os calcários calcinados proporcionaram maiores teores de cálcio no solo, em relação aos demais. Já para a profundidade de 50-75cm os valores de cálcio no solo mantiveram-se inalterados com todos os corretivos, o que mostrou o não alcance dos calcários a tal profundidade, aos 33 meses. Em resumo, com exceção do Mg, para o calcário calcinado2, as demais propriedades do solo foram pouco afetadas pelos calcários em profundidades superiores a 50cm, até os 33 meses.

Quanto aos calcários dolomíticos estudados, observou-se que o dolomítico comum e o de dupla moagem não apresentaram diferenças expressivas nos seus efeitos, ou seja, a elevação do PRNT obtida apenas pela moagem mais intensa não foi suficiente para que os efeitos desse calcário fossem superiores aos do calcários comum.

Tabela 2- Resultados médios de pH, Ca, Mg e A% obtidos nas 2 profundidades de solo, em função de doses de diferentes calcários, aos 4 meses após a aplicação.

CALCÁRIO	PROPRIEDADE DO SOLO	0-25cm				25-50cm
		DOSES
		0	2	4	6	0	2	4	6
Dolomítico Comum	pH	4,46	5,28	5,72	5,88	4,52	4,86	4,88	4,98
	Ca ppm	60,20	137,80	171,80	213,40	39,60	76,60	75,40	98,00
	Mg ppm	11,20	39,40	65,40	86,40	6,20	20,00	24,40	33,00
	Al%	59,40	19,80	9,20	11,20	68,20	43,60	41,60	36,00
Dolomítico Com Dupla Moagem	PH	4,46	5,40	5,64	5,92	4,52	4,92	4,74	4,98
	Ca ppm	60,20	186,60	203,00	236,00	39,60	99,20	85,00	105,80
	Mg ppm	11,20	59,40	64,00	83,40	6,20	27,40	19,60	30,60
	Al%	59,40	14,60	7,80	4,80	68,20	40,00	43,40	32,20
Calcinado1	PH	4,46	5,36	6,42	6,84	4,52	4,96	5,32	5,20
	Ca ppm	60,20	248,40	387,00	450,4	39,60	114,00	180,20	167,40
	Mg ppm	11,20	44,20	69,20	78,40	6,20	21,20	37,80	34,00
	Al%	59,40	9,40	4,60	3,20	68,20	32,00	20,60	25,40
Calcinado2	PH	4,46	6,14	6,36	6,26	4,52	5,10	5,18	5,26
	Ca ppm	60,20	210,20	269,40	261,80	39,60	123,60	112,60	136,80
	Mg ppm	11,20	98,20	111,40	122,20	6,20	37,60	50,20	50,40
	Al%	59,40	8,80	4,40	7,60	68,20	32,20	24,80	22,40

Tabela 3- Resultados médios de pH, Ca, Mg e A% obtidos nas 3 profundidades do solo, em função de doses de diferentes calcários, aos 33 meses após a aplicação.

CALCÁRIO	PROPRIEDADE DO SOLO	0-25cm				25-50cm				50-75cm
		DOSES
		0	2	4	6	0	2	4	6	0	2	4	6
Dolomítico Comum	PH	4,74	5,24	5,52	6,04	4,78	5,10	5,48	6,00	4,54	4,46	4,58	4,54
	Ca ppm	48,60	132,80	141,60	199,40	39,20	71,40	88,60	128,00	12,80	18,20	17,60	19,60
	Mg ppm	8,00	32,00	46,00	75,80	5,40	17,20	34,40	52,60	5,20	10,00	6,80	7,00
	Al%	56,40	18,80	12,00	3,00	66,60	40,80	21,60	7,80	81,20	70,20	73,40	71,40
Dolomítico Com Dupla Moagem	PH	4,74	5,50	5,56	5,88	4,78	5,12	5,72	5,74	4,54	4,56	4,44	4,70
	Ca ppm	48,60	73,60	195,00	200,80	39,20	36,80	137,20	105,00	12,80	16,00	23,30	25,40
	Mg ppm	8,00	22,00	61,60	65,80	5,40	12,20	41,00	37,80	5,20	6,20	7,80	9,80
	Al%	56,40	39,80	6,40	3,00	66,60	59,20	18,20	19,20	81,20	75,20	70,80	62,00
Calcinado1	PH	4,74	5,36	6,12	6,32	4,78	5,20	6,16	6,40	4,54	4,68	4,54	4,68
	Ca ppm	48,60	172,40	355,6	354,6	39,20	110,4	229,4	220,2	12,80	16,20	33,60	36,80
	Mg ppm	8,00	21,20	36,60	42,00	5,40	16,40	32,60	52,80	5,20	4,00	10,80	15,60
	Al%	56,40	16,20	2,20	1,40	66,60	28,40	5,40	3,40	81,20	78,00	58,40	53,40
Calcinado2	PH	4,74	5,98	5,98	6,54	4,78	5,84	6,34	6,44	4,54	4,86	5,06	4,88
	Ca ppm	48,60	169,00	216,20	286,20	39,20	12,20	149,60	167,40	12,80	24,00	34,00	20,60
	Mg ppm	8,00	36,80	57,40	64,60	5,40	47,80	79,20	78,80	5,20	17,20	44,60	26,60
	Al%	56,40	5,40	3,80	2,00	66,60	11,40	2,60	4,20	81,20	53,20	33,60	44,40

Tabela 4- Regressões representativas do efeito das doses dos diferentes calcários no pH, Ca, Mg e Al% nas 2 profundidades do solo, aos 4 meses após a aplicação.

CALCÁRIO	PROPRIEDADE DO SOLO	Regressões
		0-25cm	r^2	25-50cm	r^2
Dolomítico Comum	pH	y=4,63 + 0,235X	90,99**	y=4,60 + 0,07X	81,39 NS
	Ca ppm	y=71,76 + 024,68X	96,40**	y=46,30 + 8,70X	86,31*
	Mg ppm	y=12,86 + 12,58X	99,58**	y=8,18 + 4,24X	95,74*
	Al%	y=58,58 - 23,36X - 2,60X^2	99,18**	y=61,14 - 4,93X	79,60*
Dolomítico Com Dupla Moagem	PH	y=4,66 + 0,231X	88,68**	y=4,61 + 0,06X	56,25 NS
	Ca ppm	y=66,53 + 66,22X - 5,84X^2	95,49**	y=54,74 + 9,22X	63,71*
	Mg ppm	y=21,32 + 11,06X	86,62**	y=11,14 + 3,27X	60,39NS
	Al%	y=57,69 - 37,60X + 9,02X^2	96,02**	y=61,64 - 5,23X	75,35**
Calcinado1	PH	y=4,69 + 0,391X	94,13**	y=4,64 + 0,12X	77,01*
	Ca ppm	y=90,12 + 65,46X	95,62**	y=54,86 + 22,48X	82,45*
	Mg ppm	y=16,76 + 11,33X	94,57**	y=9,80 + 5,00X	81,62**
	Al%	y=57,31 - 43,27X + 3,04X^2	95,99**	y=67,77 - 22,37X + 2,56X^2	99,74**
Calcinado2	PH	y=4,52 + 0,95X - 0,11X^2	97,29**	y=4,67 + 0,12X	77,91*
	Ca ppm	y=61,40 + 92,30X - 9,85X^2	99,89**	y=61,06 + 14,03X	69,33*
	Mg ppm	y=33,82+ 17,31X	77,84**	y=14,32 + 7,26X	81,12*
	Al%	y=57,47 - 28,17X + 3,36X^2	96,41**	y=67,02 - 19,84X + 2,10X^2	97,95**

Tabela 5- Regressões representativas do efeito das doses dos calcários no pH, Ca, Mg e Al% nas 3 profundidades do solo, aos 33 meses após a aplicação.

CALCÁRIO	PROPRIEDADE DO SOLO	REGRESSÕES
		0 - 25cm	r^2	25 - 50cm	r^2	50 - 75cm	r^2
Dolomítico Comum	PH	y=4,76 + 0,21X	98,79**	y=4,76 + 0,20X	98,79**	y=4,54-0,15X+0,07X^2-0,007X^3	99,92**
	Ca ppm	y=61,42 + 23,06X	91,82**	y=39,26 + 14,18X	98,00**	y=14,08 + 0,99X	74,85ns
	Mg ppm	y=7,84 + 10,87X	98,27**	y=3,58 + 7,94X	99,12**	y=5,20+6,30X-2,43X^2+0,24X^3	100,00**
	Al%	y=54,75-19,08X+1,79X^2	96,71**	y=63,54 - 9,78X	98,15**	y=77,98 - 1,31X	46,77**
Dolomítico Com Dupla Moagem	pH	y=4,90 + 0,17X	86,50**	y=4,82 + 0,17X	90,86**	y=4,54+0,13X-0,008X^2+ 0,11X^3	39,29**
	Ca ppm	y=42,80 + 28,90X	87,72**	y=3,88 + 14,89X	59,71**	y=12,64 + 2,27X	94,77**
	Mg ppm	y=7,40 + 10,65X	91,52**	y=5,20 + 6,30X	82,29**	y=4,94 + 0,77X	97,92**
	Al%	y=55,44 - 9,68X	92,45**	y=68,28 - 9,16X	84,69**	y=81,60 - 3,10X	98,08**
Calcinado1	pH	y=4,81 + 0,28X	95,63**	y=4,76 + 0,29X	95,08**	y=4,57+0,01X-0,00000005X^2	99,98**
	Ca ppm	y=67,64 + 55,07X	89,90**	y=50,50 + 55,07X	87,38**	y=11,44 + 4,47X	90,95**
	Mg ppm	y=9,34 + 5,87X	96,82**	y=3,04 + 7,92X	98,34**	y=3,20 + 1,90X	83,76**
	Al%	y=55,75-23,73X+2,46X^2	99,58**	y=66,89-24,21X+2,26X^2	99,94**	y= 83,20 - 5,15X	91,57**
Calcinado2	pH	y=5,00 + 0,27X	95,63**	y=4,79+0,63X-0,06X^2	99,91**	y=4,53 + 0,25X - 0,03X^2	97,59**
	Ca ppm	y=66,00 + 38,00X	89,90**	y=59,40 + 20,40X	85,91**	y=11,69 + 10,90X - 1,54X^2	85,37ns
	Mg ppm	y=13,14 + 9,52X	96,82**	y=4,36+28,63X-2,67X^2	99,41**	y=5,20-7,98X+9,53X^2-1,27X^3	50,58*
	Al%	y=53,92-26,69X+3,08X^2	99,58**	y=64,80-31,10X+3,55X^2	97,67**	y= 82,30 - 21,05X + 2,43X^2	98,04**

Tabela 6- Médias de algumas propriedades químicas do solo da linha e entrelinha da cana, em diferentes profundidades, para os tratamentos, 30 meses após a instalação do ensaio.

Calcário Calcinado1 (kg/ha)	pH					ppm Ca					ppm Mg					Al%
	Linha			Entrelinha		Linha			Entrelinha		Linha			Entrelinha		Linha			Entrelinha
	*	**	***	*	**	*	**	***	*	**	*	**	***	*	**	*	**	***	*	**
0	4,9	4,5	4,8	4,8	4,9	65	52	14	33	24	8	6	2	4	3	51	61,0	85	74	79
400	0,0	4,9	4,9	5,0	5,0	63	92	160	51	31	10	8	12	6	4	42	39	21	64	73
800	5,2	5,5	5,1	5,2	5,2	93	280	200	54	41	12	18	22	5	3	37	4	11	64	70
1200	5,0	5,4	5,3	5,0	5,0	92	390	144	66	37	13	20	16	6	4	32	2	16	56	70

Calcário no sulco de plantio

A Tabela 6, apresenta os valores de pH, Ca, Mg e Al% obtidos na linha (0-25, 25-50 e 50-75cm de profundidade) e na entrelinha (0-25 e 50-75cm de profundidade) em amostragens de solo realizadas 30 meses após a aplicação dos tratamentos no sulco de plantio Observa-se que os maiores efeitos ocorreram na linha de cana, principalmente na profundidade de 25-50cm.

Figura 1- Efeito do calcário no pH do solo na profundidade 0-25cm, 4 meses após a aplicação em área total

Figura 1- Efeito do calcário no pH do solo na profundidade 25-50cm, 4 meses após a aplicação em área total

Considerando-se que o calcário foi aplicado no fundo do sulco, após o que ocorreram operações de "cobrimento’’ de plantio e "chegamento" de terra nos tratos culturais, valores menores na camada de 0-25cm de profundidade eram esperados.

Figura 3- Efeito dos calcários no pH do solo na profundidade de 0-25cm, 33 meses após a aplicação
Figura 4- Efeito dos calcários no pH do solo na profundidade de 25-50cm, 33 meses após a aplicação	Figura 5- Efeito dos calcários no pH do solo na profundidade de 25-50cm, 33 meses após a aplicação

 Na camada de 50-75cm verificou-se efeito dos tratamentos de plantio mesmo após 30 meses da aplicação evidenciando o efeito residual do calcário calcinado1. Não se observou na entrelinha efeito dos tratamentos efetuados no sulco de plantio. Os resultados observados nos dois ensaios evidenciam que a escolha do calcário a ser utilizado vai depender de alguns aspectos, por exemplo, da cultura para a qual o corretivo vai ser empregado, do nível de correção do solo que se pretende atingir, do espaço de tempo disponível para que as correções sejam alcançadas, do custo, etc.

 CONCLUSÕES

- Houve efeito diferencial de doses e fontes de calcário nas propriedades químicas do solo (pH, Ca, Mg e Al%).

- Aos 4 meses após a aplicação, os calcários calcinados apresentaram maior efeito nas alterações das propriedades dos solos estudados.

- Até 33 meses após a aplicação, os calcários calcinados mostraram maior efeito residual, inclusive em profundidades.

- Com exceção do Mg para o calcário calcinado2, as demais profundidades do solo foram pouco afetados pelos tratamentos em profundidades de 50 a 75 cm.

- Não ocorreram grandes diferenças de comportamento de calcários dolomíticos comum e duplamente moído.

O calcário aplicado no sulco de plantio afetou as propriedades do solo até a profundidade de 75cm, porém com maior intensidade na faixa de 25-50cm, na projeção do sulco.

* UFSCAR, Araras - SP.

** Bolsista do CNPq - UFSCAR, Araras - SP.

*** Usina São Manoel - São Manoel - SP.

Publicado originalmente na Revista da STAB - março-junho/1991 - Piracicaba/SP.

SUMMARY

In order to study effects of different sources and doses of lime material on soil pH, calcium, magnesium and aluminum saturation, two field trials were carried out on quartpsament soil. Doses of 0, 2, 4 and 6 t/ha of four lime sources (dolomitic, dolomitic with fine texture, calcined 1 and calcined2 were applied on broadcasting in the first trial. Soil samples were taken 4 and 33 months after lime applications. In Um other trial, 0, 400, 800 and 1200 kg/ha of calcined1 lime were used in the furrow at sugar cane planting time and soil samples were collected only 30 months after it. The depth of soil sampling was up to 75 cm. The lime sources and doses showed different effects on soil chemical properties.

The calcined lime (1 and 2) were more effective than dolomitic lime in correcting soil pH, Ca, Mg and Al%, including in deeper soil layer. The dolomitic lime showed similar behavior of dolomitic with fine texture.

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