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de agosto de 2002. |
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Luiz
Carlos Miller (*)
Mudanças
são inexoráveis e acontecem em nossas vidas independentemente de nossas
vontades ou do nosso consentimento. Afetam o nosso corpo, a nossa mente e
atingem indiscriminadamente todas as pessoas.
Esse
fenômeno, pouco considerado em outros tempos, tem assumido um lugar importante
na definição das estratégias de muitas organizações. Suas relações com o
mercado e com o trabalho têm sido determinantes para as definições das
rotinas operacionais das empresas. Ao envolverem pessoas, essas relações ficam
coladas aos movimentos comportamentais dessas coletividades.
Assumindo
essa premissa como relevante pode-se inferir que as afirmações da introdução
são perfeitamente aplicáveis às relações de trabalho e de consumo. Dessa
forma, essa característica de organismo vivo apresentada pelas empresas faz com
que o ambiente, onde as mesmas estão inseridas, esteja sempre em constante
agitação.
Assim,
eventuais mudanças nos hábitos e nas necessidades das pessoas podem criar
diferentes tipos de demanda. Dependendo da maior ou menor intensidade com que
elas ocorram, promovem momentaneamente uma desarticulação no equilíbrio
experimentado pelas organizações junto ao seu público. Diante dessa nova
realidade, freqüentemente adversa, revisões de diretrizes se fazem necessárias
para superar-se tais desafios. Uma vez aplicadas com sucesso, criam condições
para que seja estabelecida uma nova relação de equilíbrio com o meio. Esses
movimentos têm acontecido cada vez com maior freqüência e intensidade. E têm
feito com que as organizações busquem alternativas que as mantenham
efetivamente competitivas e garantam a continuidade de seus negócios.
A
constatação do poder de interferência dessas mudanças de hábitos sobre o
comportamento do mercado tem levado muitas organizações a direcionarem os seus
esforços para a excelência no atendimento das necessidades dos clientes. Para
tal elegeram a qualidade - de produtos e serviços - como instrumento para
atingir seus objetivos. Essa escolha tem feito com que tais organizações
venham experimentando profundas mudanças em suas formas de administrar os seus
processos produtivos. Mudanças essas que atingem especialmente o relacionamento
entre os diversos extratos hierárquicos de suas estruturas administrativas.
Muitas delas têm experimentado grande sucesso, outras amargaram o insucesso,
mas nem por isso desistiram de continuar trabalhando nesse sentido.
Diferentemente
das mudanças compulsórias que ocorrem na natureza (com o homem em especial),
as organizações têm a oportunidade de escolher se querem promover mudanças,
quando desejam realizá-las e com que profundidade. O nível de pressão de
concorrência a que estão submetidas essas organizações e a escolha do
momento para a implantação destas mudanças podem ser fatores determinantes na
definição de seus destinos.
As
organizações que escolheram mudar, pelo fato de elegerem o cliente como o
foco, têm constatado a necessidade de promoverem alterações no seu cotidiano.
São alterações decorrentes da implantação de ferramentas de qualidade e
atingem sobretudo as relações entre as diferentes áreas do processo produtivo
e o relacionamento entre os diferentes níveis hierárquicos. A aplicação
dessas ferramentas de qualidade demanda maior envolvimento dos funcionários no
processo decisório e organizacional, sem o qual a eficácia das mesmas fica
comprometida. Por sua vez, esse envolvimento dos trabalhadores nos processos
decisórios implica na intensificação do relacionamento entre funcionários de
diferentes áreas da organização e na redução do poder da hierarquia formal
nas suas tomadas de decisão (ver em www.sigacana.com.br
/ artigos/ Gestão por Processos na Agroindústria Açucareira). Portanto,
ao alterarem o equilíbrio anteriormente existente na organização, tal
implantação deve ser acompanhada de um trabalho
intenso junto à coletividade organizacional. É necessário que a mesma
esteja preparada para que possa assegurar o sucesso da implantação de um
projeto dessa envergadura.
A
implantação dessas reformas tornam-se mais atraentes quando planejadas para
acontecerem em um momento de tranqüilidade na organização. São momentos em
que as pessoas estão satisfeitas e dispostas. Os processos funcionam a contento
e os resultados são positivos. Nesse contexto o comportamento das pessoas é pró-ativo
e as mudanças acontecem sem grandes traumas. Elas são aplicadas
fundamentalmente com a finalidade de se atingir um novo estado de excelência em
qualidade, produtividade e satisfação do cliente, assim como da comunidade
organizacional. Aproveitar momentos favoráveis para aprimoramentos importantes
pode ter o efeito de uma caminhada, quando se pode desfrutar dos benefícios que
ela agrega ao físico, sem que a sua finalidade tenha a urgência ajustar situações
de risco para o corpo.
Nesse
ambiente as mudanças adquirem um caráter evolutivo e são aceitas com maior
consentimento e interesse. Despertam interesse porque estão voltadas para o
desenvolvimento da empresa e das pessoas. Assim as mudanças podem ser
trabalhadas com maior profundidade e firmeza.
Podem ser encaminhadas dessa forma desde o momento em que as suas
necessidades são percebidas, durante todo o período de sua implementação,
permanecendo assim até a fase final de sua institucionalização. Na medida em
que traduzem valores motivadores para os indivíduos, essas mudanças geram
menor resistência ao serem implantadas. Por outro lado, ainda que o sucesso
seja uma certeza, é muito importante estar consciente de que tais mudanças
apresentam uma evolução relativamente lenta. O impacto nas relações
organizacionais é suave, permanecendo ativado por um tempo mais longo sobre a
estrutura e nas pessoas. Os resultados decorrentes desse tipo de ação tendem a
aparecer em um prazo mais longo.
Entretanto,
a falta de atenção com o meio, conforme abordado anteriormente, pode conduzir
a estados de urgência. Quando a necessidade de resultados no curto prazo é
imprescindível para a saúde das organizações, as ações precisam ser
contundentes. Nessas condições as reformas acabam sendo implantadas em ritmo
de urgência, apresentam grande impacto no ambiente operacional e geralmente são
assimiladas com muita relutância pelos trabalhadores. São mudanças reativas,
com caráter impositivo, aplicadas de cima para baixo e, muito raramente,
conseguem ser realizadas de forma participativa. Mesmo quando entendidas como
necessárias e importantes para a continuidade do negócio, elas não geram
comprometimento, principalmente pela falta de consenso entre os trabalhadores.
Sem o comprometimento explicito, ainda que os resultados dessas mudanças apareçam
com certa rapidez, nem sempre são duradouros.
Comprometimento
é o sentimento que deve imperar em processos de mudança, pois comprometidos,
os trabalhadores fazem acontecer aquilo que foi combinado.
Publicações
que tratam desse tema, relatam experiências interessantes de organizações que
já vivenciaram algum tipo de movimento para a modernização de seus processos
produtivos. Adotaram profundas alterações no relacionamento entre seus
extratos hierárquicos e obtiveram sucesso com tais medidas. Ao assumirem esse
tipo de comportamento elas estão procurando se reinventar. Promovem estados de
agitação para induzir à necessidade de novas mudanças e fazem com que as
mesmas atuem como um fator de motivação e estímulo. Elas procuram criar situações
para continuarem obtendo sucesso.
O
jogo com as palavras no título desse artigo é apenas uma forma provocativa
para chamar a atenção e estimular o leitor. Na verdade, a realidade é
bastante diferente da interpretação popular da frase. É muito grande o número
de empresas apresentando resultados positivos por terem adotado uma postura de
mudança em seus procedimentos administrativos. Pretendem com essa atitude
melhorar o posicionamento que
ocupam nos seguimentos de sua atuação. A efetividade dos resultados observados
são evidentes nos ambientes de negócios, uma vez que organizações bem
sucedidas estão sempre procurando novas formas para passarem da condição
confortável em que se encontram para uma outra ainda melhor.